Saúde e Bem-Estar

Enxaqueca é mais comum nas mulheres e a explicação é simples

1 Maio, 2021

Doença crónica e incurável, a enxaqueca atinge uma percentagem significativa da população feminina e tem um impacto negativo na qualidade de vida.

A enxaqueca é, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, a 8.ª causa a nível mundial de anos vividos com incapacidade, quando consideradas todas as doenças conhecidas no Mundo. A idade de início da enxaqueca é um pouco variável, mas, de um modo geral, tende a surgir, de forma mais regular, no início da vida adulta.

A sua prevalência (ou seja, a percentagem de pessoas afetadas) tende a aumentar com a idade, atingindo-se o pico da prevalência pelos 40 anos de idade.

É entre os 35 e os 45 anos que o maior número de pessoas é afetado, sobretudo as mulheres. Depois dos 40 anos, a prevalência começa a diminuir e há uma tendência para melhorar ou desaparecer pelos 60 anos, após a menopausa, no caso específico das mulheres. “A enxaqueca é uma doença primária, isto é, é uma entidade própria e não uma consequência de outras doenças, como as neoplasias, as doenças inflamatórias ou vasculares do sistema nervoso.

É extremamente comum, estimando-se que atinja 10 por cento da população adulta nos países ocidentais. Na realidade portuguesa, poderá afetar mais de 1 milhão de pessoas”, começa por referir Sara Machado, assistente hospitalar de Neurologia no Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca.

Mais crises no período menstrual

A sua prevalência é superior nas mulheres, o triplo em relação aos homens, devido à influência das hormonas sexuais femininas. Com efeito. a existência de uma relação estreita entre a enxaqueca e os fatores hormonais é inequívoca, como refere a especialista. “A flutuação hormonal ao longo do ciclo menstrual faz com que existam mais crises durante o período menstrual.

Da mesma forma, as crises são mais frequentes durante a hemorragia de privação nas mulheres que utilizam contraceção hormonal. Existem várias estratégias farmacológicas que podem minimizar este impacto, passando por pequenos ciclos de terapêutica com anti-inflamatórios ou triptanos, à substituição de método contracetivo ou mesmo à alteração da forma como toma o seu contracetivo habitual.” No entanto, “só em cerca de 14 por cento das mulheres é que as crises ocorrem exclusivamente na altura do período menstrual. Na grande maioria acontecem também fora da altura da menstruação”, sublinha a neurologista.

Estilo de vida saudável

Após a menopausa, constata-se que “existe uma redução marcada da expressão da doença, estimando-se que mais de 75% das mulheres se livrem das suas crises. Contudo, nos meses ou anos que antecedem a menopausa, existe instabilidade hormonal que pode aumentar transitoriamente as crises”, afirma Sara Machado.

Em suma, “a influência hormonal faz com que a enxaqueca seja uma doença que acompanha a mulher durante muitos anos, ao longo do seu período fértil, existindo alturas da vida que têm naturalmente uma redução das crises e outras que são de maior suscetibilidade”, diz a especialista, ao destacar ainda que parte do controlo das crises atinge-se com comportamentos relacionados com um estilo de vida saudável e evicção de desencadeantes.

“A promoção do exercício físico, a redução do stress e horários regulares de sono e refeições são essenciais. Nos casos em que é necessária a intervenção farmacológica existem várias possibilidades seguras e eficazes que deverão ser discutidas com o médico assistente”, aconselha.

Diminuição na gravidez

Durante o período em que a mulher está grávida, é muito frequente assistir-se a uma melhoria das crises de enxaqueca, o que ocorre de forma cumulativa ao longo dos três trimestres, como reforça a neurologista:

“Estima-se que melhore em metade das grávidas no primeiro trimestre, em mais de 80 por cento no segundo, chegando perto dos 90 por cento no final da gravidez. A evolução natural da doença, muito favorável, faz com que apenas 18 por cento das grávidas mantenham as suas crises de enxaqueca” No período pós-parto volta a aumentar a frequência das crises, novamente justificada pela variação hormonal, stress emocional e privação do sono.

Dia-a-dia MEDIDAS A IMPLEMENTAR

– Pratique exercício físico com regularidade;
– Evite a fadiga e o cansaço;
– Ingira a quantidade suficiente de água;
– Mantenha horários regulares de sono, evitando a privação de sono (dormir menos horas do que o necessário), mas, também, evite dormir demais;
– Cumpra um padrão e horário regular de refeições;
– Identifique e evite a utilização de medicamentos que podem agravar a enxaqueca (por exemplo, contracetivos hormonais);
– Identifique fatores de stress e ansiedade e tente controlá-los, usando técnicas de relaxamento.

Principais sintomas da enxaqueca

A enxaqueca pode ser acompanhada de enjoos e vómitos. Incide, normalmente, num dos lados da cabeça, e pode também causar intolerância à luz e ao barulho. A dor pode manter-se durante algumas horas, mas são também comuns os casos em que se prolonga até três dias.

Em algumas pessoas, 48 horas antes de se iniciar a enxaqueca, verificam-se alguns sintomas que podem predizer para o início da crise de cefaleia. Estes sintomas podem ser alterações do humor, aumento da sede, obstipação, rigidez cervical ou aumento do apetite.

Texto: Mário Rui Santos
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